Inspirado nas narrativas populares dos griots, “Passaredo, Passarinholas” é um espetáculo de contação de histórias com direção de Diana Ramos, que utiliza elementos do universo infantil resinificando os brinquedos populares para dar teatralidade aos contos. Explica a origem das coisas segundo a ancestralidade das tradições orais. Passaredo reúne três contos que tem histórias de pássaros como mote principal. O primeiro, de domínio público africano, “O Pássaro-escrivão” conta do surgimento do primeiro contador de histórias e de como as histórias ouvidas tornaram-se histórias escritas. O segundo “O Roubo do Fogo”, recolhido da oralidade indígena por Daniel Munduruku relata como os homens antigamente roubaram o fogo dos urubus e tem como herói o menor de todos os guerreiros, por último “A Menina e o Pássaro Encantado” de Rubem Alves narra a amizade entre uma menina e seu pássaro revelando a importância do respeito e da liberdade.

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Passaredo Passarinholas” surge de uma encomenda e termina por ter uma vida longa e de sucesso no grupo. Viagens, festivais e indicações a prêmios colocaram a peça sempre em contínua mudança, investindo progressivamente em seu cenário, figurinos, adereços e também na música.

As poucas interferências musicais da peça são precisas e concatenadas com o seu universo: um espetáculo de contação de histórias para crianças, mas que atinge a todas as idades.

Como era uma peça versátil, apresentada tanto em espaços fechados quanto na rua e outros espaços abertos, havia uma necessidade de adaptação vocal a depender dessas condições. A experiência que tivemos antes, com “O Segredo da Arca de Trancoso”, que já havíamos apresentado em ginásios(a acústica desses espaços normalmente é sofrível), toda sorte espaços abertos, entre ruas movimentadas, estacionamentos etc, facilitou essa adaptação em “Passaredo“. E notem, ambas eram microfonadas! Mas essa adequação ainda assim se fazia necessário.  O conforto deles também traz surpresas: falham, interferem um no outro, por vezes atrapalham a movimentação e por aí vai. A máquina eletrônica, assim como a nossa estrutura fonoarticulatória precisa ser equalizada.

Nos fazedores de teatro de rua Brasil afora há, em alguns grupos, um certo preconceito quanto ao uso de microfones em cena. Às vezes vão mais longe e intentam enquadrar esse “tipo de teatro” em caixas (o trocadilho foi involuntário) que não combinam, nos parece, com a liberdade que a rua traz, que mesmo o teatro traz. Respeitamos todos, claro, mas também alcançamos, através sobretudo de nossas experiências, nossas formas próprias de se relacionar com a rua.  

De “Passaredo” a música de abertura da peça(que só foi criada bem depois da estreia) é a que vem para o show e para o álbum “Trilhas do Vilavox”. E haja passarinho pra contar história!

Espetáculo Passaredo Passarinholas
Canção Passaredo Passarinholas