Inspirado no universo dos contos orais brasileiros, o espetáculo utiliza técnicas de perna de pau, máscaras e músicas originais para contar a história de um menino encarregado de levar uma arca de madeira até um local muito distante. Logo ele descobre que a tal arca, espécie de baú, parece ter o poder de transformar a vida de todos os que tentam saber o que ela contém. Numa sucessão de surpresas, mulheres e homens com toda sorte de intenções, animais falantes e criaturas fantásticas surgem no meio do caminho do menino tentando tomar posse da arca – o que demonstra ser aquele estranho objeto muito mais poderoso do que se possa imaginar. Com o Grupo Vilavox (BA).
06
Emília Biancardi foi nosso ponto de partida para a música de “O Segredo da Arca de Trancoso“. Visitamos seu acervo no Pelourinho e, diante de tantas possibilidades, ficamos com algumas das sonoridades e nos inspiramos nos seus instrumentos para criarmos os nossos, como o “balasom” (feito com carcaça de máquina de lavar) e o “bicórdio” (uma panela de fritura grande para ressonância e dois berimbaus).
A música deste espetáculo é toda autoral, com composições de Jarbas e Gordo e ainda as mãos de Luizinho e Guiguio, músicos que o Vilavox conheceu numa oficina no Baixo Sul da Bahia e, pela incrível espontaneidade musical de ambos, integraram o elenco nesta montagem, este último, permanecendo no grupo até hoje.
Já na abertura, de certa forma repetindo uma convenção do teatro de rua em chamar o público, nossa trupe toca, canta e introduz algumas informações sobre os personagens que vão contar a história que virá.
A chegada das máscaras no universo do grupo, nessa montagem, provoca também o investimento numa voz falada que traduzisse aqueles “tipos”: uma velha sábia, um coronel, Milanga – um diabo nordestino, um caçador matuto etc. A máscara, que normalmente pouco ou nada fala, em “O Segredo da Arca de Trancoso” ganha “bifes” enormes – outro desafio vocal para o grupo.
Com o “Segredo“, o grupo investe em uma parafernália de microfones, cabos, receptores, caixas de som e instrumentos variados exigem outra relação com a técnica: só pra fazer aquilo funcionar eram 6 horas de montagem. Aumenta a exigência, sobretudo para um espetáculo de rua, que precisa levar em consideração as adversidades próprias do espaço público. Aprendemos muito…
