A celebração do encontro da música com o teatro, resgatando canções do repertório dos espetáculos do Vilavox, compostas por Jarbas Bittencourt, Gordo Neto, Roberto Brito dos Santos e Marcio Marciano. Um show multimídia, que mistura “memória, sangue, suor e teimosia”, com direção musical de Leonardo Bittencourt, convidados e ex integrantes do grupo – entre músicos e cantores – cantam e tocam ao vivo, acompanhados por bases eletrônicas, ambientados por imagens em vídeo com cenografia de Ana Kalil e figurino de Rino Carvalho, que resgatam elementos dos espetáculos do repertório do grupo. O show passeia pelas memórias musicais do Vilavox e desemboca no Álbum Trilhas do Vilavox.

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Das 19 músicas cantadas no “Show Trilhas do Vilavox“, 17 foram gravadas e estão no “Álbum Musical Trilhas do Vilavox” e 15 ganharam clips. Todo esse conteúdo está disponibilizado aqui, distribuídos ao longo do texto, para de alguma forma se aproximar da narrativa que o show propôs.   

Sem dúvida este show é o fechamento de um ciclo. São muitas as “coincidências”. Seja no nome quase igual daquele primeiro e deste último(o primeiro, “do Vila”; o segundo, “do Vilavox”), as trilhas ora do teatro ora do grupo significam a música e também os caminhos de cada um.  Muito se trilhou, lá e cá. Era preciso essa balanço. Esse ajuste de contas com nós mesmos.

Se num primeiro momento nossa ideia era levar o show junto com os espetáculos maiores do grupo, como o “Segredo” ou o “Castelo” para festivais e mostras, agregando à sua apresentação uma conversa sobre grupos de teatro, gestão de espaços alternativos, política pública para o teatro ou quaisquer temas que estejam ligados à história do grupo, ao final, ainda que essa ideia se mantenha, remodelada,  de alguma forma, o que mais ficou claro era que fazer esse show, assim como as canções fora do contexto das suas respectivas peças, é possível e funciona com um “show normal”, de músicas autorais, que pode ou não estar contextualizado. Se executarmos a sequência de músicas de Primeiro de Abril, por si só, já comunicamos diretamente, sem a necessidade da ponte com a peça. As duas canções de “O Segredo” parece sequência de um show de MPB qualquer.  E por aí vai.

Contar/cantar a história de um grupo através da música.  Esse foi o mote de “Trilhas do Vilavox“. Viciados pela memória – apreço pelo qual o Vila Velha é responsável – retomamos nossa origem com os pés fincados na música e mais uma vez usamos o recurso do audiovisual para dialogar com a cena. Acima de nossas cabeças – uma memória – as imagens dos espetáculos montados pelo grupo criavam a moldura para a execução musical que envolveu o Vilavox e convidados.  Entre estes convidados, ex integrantes do grupo, músicos que nos acompanharam em outros momentos e a direção musical de Léo Bittencourt. Os músicos convidados (Gilmário Bispo, Juliano Oliveira e o próprio Léo) seguram a onda harmônica e melódica enquanto o elenco se reveza em instrumentos percussivos. No final, mais uma vez “colando” com o primeiro espetáculo – o outro Trilhas(do Vila) – o grupo puxa “Evoé Axé”, em homenagem a Zé Celso e ao teatro brasileiro.

E para terminarmos por aqui, também com homenagem, chamamos Jarbas Bittencourt pra fechar essa revista digital com sua ode ao teatro baiano, com uma composição lindíssima:

Do Camarim do Coração

Abram as cortinas do olhar
Acendam os refletores da emoção
A cena é do amor
Que a gente vai deixar
Sair do camarim do coração!

Seja um “Cafajeste”
Seja “Um tal de Dom Quixote”
Seja um “Indignado”
Um “Segismundo”, um “Prequeté”

Seja uma “Noviça”
Uma “Puta de Respeito”
“Medéia” ou “Namíbia”
“Josefina” ou “Salomé”

Seja um “Policarpo”
Seja “Deus e o Diabo”
Seja “Esse Glauber”
“Woyzeck”  ou “Seu Bonfim”

Seja “Mãe Coragem”
“Galileu”, “Volpone”, “Otelo”
Seja até um “Deus Danado”
Mas “Cuida Bem de Mim”

Pro sonho não dormir
Pra vida acordar
Teatro só porque
O show tem que continuar!

Show Trilhas do Vila