Primeiro espetáculo do grupo Vilavox, Trilhas do Vila marca o nascimento do grupo, que então se configurava como um coro performático. A montagem fez um resgate das várias trilhas musicais do Teatro Vila Velha, em seus diversos espetáculos ao longo de sua história. O elenco foi montado a partir de uma audição e construído um corpo de atores-cantores.

Explorando recursos como rapel, pernas de pau e outros elementos de extrema teatralidade, o grupo foi construindo, a partir desse espetáculo, sua de identidade. A montagem deu origem a um CD homônimo, que contou com a direção musical de Jarbas Bittencourt e reuniu músicos que tiveram trajetória afinada com o Teatro Vila Velha.


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Desde nosso primeiro espetáculo, “Trilhas do Vila”, de 2002, o hibridismo entre as linguagens foi tônica. Ainda que antes, em “As Canções que Jarbas Bittencourt fez pra Nós” a gente tenha aparecido pela primeira vez como “Vilavox”, é em “Trilhas” que nós nos assumimos enquanto grupo, tomando pra si as rédeas da criação e já trazendo para cena fortíssimos elementos do audiovisual (“VJ Gabiru” ainda era “Davi” e o conceito de videomapping ainda não existia), da dança, influenciados pela presença de Cristina Castro e do Viladança na sala ao lado, e finalmente da voz – motivo, meio e fim daquele espetáculo. “Trilhas do Vila” existiu pela necessidade de lançar o CD homônimo gravado no ano anterior, resultado da presença de alguém do MINC na plateia de “As Canções…“, que prontamente propôs a Marcio Meirelles a gravação daquele primeiro CD. Hoje, como num ciclo(tudo é assim, nada é fim), o CD “Trilhas do Vila” se encontra com este, o “Trilhas do Vilavox“, lançado agora por este grupo teatral/musical.

Lá, no espetáculo “Trilhas do Vila“, canto,voz e teatro se encontram, nesta ordem, talvez. Dalí surge o diretor Gordo Neto, em dobradinha com Iara Colina, numa época em que o Vila Velha explodia em projetos que incentivavam a escrita, a direção e a atuação de seus artistas e grupos, que exerciam seu exercício diário de criação e reflexão. Um “pós noventa” que queria, com toda sua potência de terceiro milênio, trazer alternativas para um teatro viciado, a despeito de rico e revelador de tantos dos nossos talentos, como foi nosso “teatro baiano dos anos noventa”.
Se por um lado, “Trilhas” quase nada tinha de texto falado, quase nada tinha de construção/interpretação de personagens, por outro juntava, numa receita só, intuitiva e mesmo inocente, os ingredientes fundamentais para o alicerce de um grupo teatral: uma “cara”, uma “voz”, e um “corpo”.

Depoimento de Jarbas Bittencourt
Depoimento de Gordo Neto
Espetáculos Trilhas do Vila